sábado, 2 de janeiro de 2010

o tempo

Toda vez que se inaugura um novo ano, penso sobre o tempo... Sobre ele, tenho algumas certezas - as mesmas que pregam os ditados que dizem tudo ter seu tempo e tempo como capaz de curar tudo. Sinceramente, por mais piegas e empíricos que eles sejam, há somente sabedoria neles. A vida já me deu provas de que, de fato, é assim. E claro que não é exatamente o tempo... Mas é no curso dele que as coisas mudam e se ajustam.

Não sei realmente porque, mas tenho uma fascinação especial pelo tempo, desde a palavra que soa bem, enquanto significante, até seu significado... É quase uma entidade! Sinto uma imensidão nele - e, de fato, há.

Aproveito para postar um fragmento do romance "Lavoura Arcaica" (1975), de Raduan Nassar:

"O tempo é o maior tesouro de que o homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é, contudo, nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um ponto exótico que não pode ser repartido, podendo, entretanto, prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo; existe tempo, por exemplo, nesta mesa [...] Rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou da espera, que se deve por nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é..."

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